Com uma interface simples e uma proposta diferente de outras redes sociais, o TikTok se tornou um dos aplicativos mais baixados do mundo. Após explodir na Ásia, a plataforma vem conquistando cada vez mais o seu espaço no Ocidente, e o Brasil não fica de fora. Segundo levantamento on-line realizado pela empresa de pesquisa Ipsos, 95% dos espectadores brasileiros já ouviram falar na nova rede. Mas o que ela tem de especial?O TikTok permite aos seus usuários a gravação e edição de vídeos curtos, com no máximo 15 segundos de duração.
Os recursos presentes no próprio software garantem que as produções fiquem ainda mais elaboradas, com efeitos sonoros e visuais simples de serem aplicados. Diferente de outras redes sociais, como Twitter e Instagram, o uso dos algoritmos no TikTok é voltado para que os participantes não precisem seguir alguém para receber o seu conteúdo. Com o uso das hashtags nos famosos desafios on-line, qualquer pessoa pode ser encontrada no menu “Descobrir” e, assim, a viralização ocorre através de uma corrida de criatividade e originalidade.
“É o aplicativo que mais rapidamente ganhou espaço entre os nossos espectadores, e esse crescimento foi potencializado pelo momento da pandemia, quando houve também uma declaração de aumento no uso de outras plataformas de entretenimento, como a TV aberta e fechada e os meios digitais”, opina Cintia Lin, chefe de Excelência Criativa na Ipsos. Em um estudo específico sobre hábitos de consumo de mídia na pandemia, feito pela Ipsos com 300 pessoas, 56% declararam ter baixado novos aplicativos durante o período da quarentena.
O público do TikTok é majoritariamente jovem, o que facilita a comunicação entre os criadores e os consumidores dos vídeos autorais. Segundo o Interactive Advertising Bureau (IAB), 41% dos usuários que estão no aplicativo e que participam efetivamente da produção de conteúdo têm entre 16 e 24 anos.
Nessa dinâmica, a rede social tirou muitos jovens e adultos do anonimato, através de seus vídeos que repercutiram em largas proporções. Mario Junior, 20 anos, é um desses jovens que teve a vida virada de cabeça para baixo após seus vídeos românticos viralizarem dentro e fora do TikTok. Seu bordão “Oi, Letícia, né?” ficou famoso em poucos dias e ganhou inúmeras paródias na internet. “Tudo começou quando eu baixei o aplicativo para ver os vídeos de outras pessoas. Depois, bateu a curiosidade para fazer os meus próprios e hoje estou com quase 3 milhões de seguidores”, conta ele.
Na internet, é praticamente impossível ser imune ao julgamento dos que estão por trás das telas de computador e celular. Com Mario, não foi diferente: “No começo eu recebia muitas críticas, mas hoje parece que as pessoas entenderam melhor a minha proposta de vídeo. Ainda recebo algumas, mas acho que é normal, qualquer pessoa que dá a cara na internet acaba sendo criticado e eu sou apenas mais um”, desabafa.Para o psicólogo e pesquisador social, Daniel Barbieri, a quarentena acentuou a busca das pessoas por contato e entretenimento através das redes sociais. O TikTok veio então com a proposta de transformar elementos cotidianos em entretenimento para aqueles que estão assistindo. “Antes, uma coisa que só seria vista por duas ou três pessoas que estão próximas a você, hoje pode ser vista por milhões em questão de segundos. Ter o acesso facilitado a ferramentas que alavancam o prestígio social é muito tentador, isso explica a popularidade das redes sociais hoje em dia e a busca incessante dos jovens pelas interações digitais”, explica.
No entanto, o psicólogo alerta para o risco de psicopatologias relacionadas à obsessão pelo reconhecimento nas plataformas: “O grande problema é que, com a mesma facilidade que o sucesso surge, ele pode também desaparecer. A fama nas redes sociais é muito fluida. Para a autoestima, essa característica é um elemento perigoso. Jovens e adolescentes, que estão numa fase psicológica mais efervescente, podem desenvolver quadros de ansiedade ou de depressão associados à dependência pelas mídias digitais e a busca constante pelo prestígio através destas”.
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